Quem sou eu

Diretor integrante do Coletivo de Diretores ES3 , com diversos trabalhos nas áreas de Teatro Performance desde 2007.

domingo, 12 de abril de 2009

Um Texto Para Um Signo

Estou publicando, um texto que escrevi no ano passado.

12° Desabafo

Tudo começa assim:
De repente, meio que sem querer, você encontra ela, e assim como você, está imersa em sua solidão. Ela te convida pra sair após anos sem se falarem, mas é você que paga tudo, desde a cerveja, comprada nas últimas horas de funcionamento de um supermercado aberto, até o abrigo para protegê-la da chuva. Após isso, um dia sem se ver, o mundo gira e as coisas desmoronam. Dois dias depois, a bomba é solta na sua cabeça, e aquelas feridas que comumente chamamos de expectativas ficam permanentemente abertas e doloridas, jorrando todo o sangue que foi utilizado para criá-las, e tudo isso e tudo isso acontece quando seus ouvidos captam o que a boca dela transmite em alto e bom som:
- Tudo aquilo não passou de um sonho! Acorde! Estou de volta à realidade, e a realidade, a minha realidade não inclui você!
Pronto. Era o que você precisava ouvir, para não conseguir falar mais nada. Tudo dentro de você desaba, mas você não chora, não esboça uma reação e assim que ela vai embora, já não tem mais pernas pra andar, os passos se tornam cada vez mais pesados, o caminho mais longo e a dor mais forte.
Ao pegar o ônibus, se percebe sozinho (mesmo com conhecidos ao seu lado), percebe alguém que pede dinheiro no ônibus zombar da cara dos passageiros e acha que ele está te ridicularizando, porque você já não consegue ver mais ninguém. Consegue somente identificar um rosto na janela enfrente a sua, mas este rosto está tão deformado que já não parece mais o seu.
É como se existissem dois rostos, e uma linha os dividisse, fazendo com que o rosto “superior” ficasse menor que o inferior, como se possuísse quatro olhos, mas com todo o resto em seu devido lugar. Percebe também que um rosto é subordinado ao outro, neste caso o maior obedece ao menor.
De volta a sua casa, você se encontra mergulhado em pensamentos sobre o ocorrido, sobre o que você deveria ter falado ou como deveria ter agido, mas agora é tarde e nada disso importa mais, agora você a perdeu. Você tem que saber lidar com a derrota, mesmo não gostando de perder. Tem que tentar entender que ela é uma pessoa muito emotiva, e por assim ser você tem que falar pra si mesmo:
- Que puta imediatista de merda eu sou!
E assim o ciclo se fecha.

Um comentário:

conselho editorial disse...

Esse texto eu já tinha lido, li o rascunho. o DO ônibus não eh? Um arfar de Caio... foi o q senti, e sinto... Caio by Tu!