La Solitude

Cara, parece que faz muito tempo que estou morando sozinho, mas me mudei há um mês. O sentimento de solidão me faz companhia, até o gosto da comida parece mudar. Ouço agora o cd da Edith Piaf, essa mulher sabe cantar e fazer com que a solidão tome conta do minúsculo quarto no qual estou escrevendo este texto. Pessoas, não vejam este texto, como algo de um homem que está desistindo das coisas, e sim de alguém que neste momento de solidão, tenta resignificar cada minuto de sua existência. Não sei bem o gênero da coisas que escrevo, sei que elas me vêm da forma mais incostante possível, quase sempre como desabafos. Sou uma criatura estranha de hábitos noturnos, quase sempre prefiro trocar o dia pela noite, nesse atual momento, me encontro recluso em meu quarto, ouviando a voz melodiosa de Piaf e pensando que há muito tempo não sei o que é sair e acho que bem por isso me sinto solitário. Sempre tive o costume de sair à noite, pois achava e ainda acho que a noite é o momento do dia perfeito pra encontrar e ver pessoas, por mais que você já as tenha visto durante o resto do dia. A noite faz com que as pessoas tomem uma forma bem diferente da que nós nos acostumamos a ver durante o dia. Não sei bem, mas acho que o espírito da boêmia tem pedido pra que eu liberte ele um pouco dentro de mim. Não achem que com isso, vou sair por aí fazendo qualquer maluquice, só quero sentir o ar da noite como diz Charles Aznavour na música "La Boheme", La bohème, la bohème. Ça voulait dire on a vingt ans. La bohème, la bohème. Et nous vivions de l'air du temps.
____________________________________________________________________ A boêmia, a boêmia. Isso queria dizer: a gente tem vinte anos. A boêmia, a boêmia. E nós vivíamos do ar do tempo